Cinema, jornalismo e arte

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

E o Oscar vai para: O cinema digital!



HAROLD GOLBERG- Jornalista e autor de cinco três adaptações para o cinema
Tradução: FERNANDO CAETANO
Título original: Budget blockbusters – The world
Revista TIME, 3 de dezembro de 2001


Um sábado de alvoroço no Grand Central terminal, e Sigourney Weaver é o centro das atenções. Não que ela queira ser. Ela está num cenário cinematográfico. A multidão tira fotos enquanto o diretor tenta filmar. Devido ao orçamento extremamente baixo 150 mil dólares, a produção tem uma equipe de 15 pessoas, e isso significa que não há músculos para conter a multidão eufórica. O diretor é Gary Winick, (quarenta anos de idade), continua filmando . “Nós podemos lidar com os flashes depois”,funga o cineasta rouco devido a uma gripe, depois de tudo ele afirma , que quando é digital pode-se trabalhar a magia na sala de edição.
Bem vindos ao bravo mundo do cinema digital, onde as convicções da elite hollywoodiana se encontram com os aventureiros anti-hollywood. As câmeras são baratas, o software é fácil de aprender e as imagens da tela de cristal podem ser transferidas para os filmes para fazer o vídeo parecer um filme “real”. Winick é a força por trás da InDigEnt, a primeira companhia dedicada à filmagem de filmes digitais exclusivamente, e mesmo sendo estranho a lista A de Hollywood está aderindo a causa. “É uma revolução” diz ele “qualquer um com uma idéia pode fazer um longa”.
É claro que foi dito a mesma coisa na década de 80 sobre a camcorder 8- MM e essa revolução nunca se materializou. Mas agora as coisas são diferentes. Não só a tecnologia anos luz a frente. Mas Winick tem o talento e a coragem para envolver grandes estrelas em suas produções: Ethan Hawke, Denis Leary, Uma Thurman, Sigourney Weaver e dezenas de outras estrelas estão nos filmes da InDigEnt. Como ele faz isto? Não tem a ver só com a personalidade carismática, e certamente nada haver com o dinheiro – a atriz Weaver assinou contrato de míseros 248 por dia. Por se esquivar do desenvolvimento infernal de Hollywood, o cinema digital dá aos atores e diretores algo que não pode ser comprado por nenhum preço: Liberdade artística. Algo que sempre seduziu Winick, que já sabia que queria ser cineasta desde quando era estudante na universidade Tufts. Seu primeiro projeto foi um programa de TV semanal com Oliver Platt e Hank Azaria. Depois, ele dirigiu “Sweet Nothing”, uma drama sobre vício em cocaína estrelado por Mira Sorvino e foi distribuído em vídeo pela Warner Bros. Depois ele faz “Out of the Rain”, um longa direto para o vídeo com Bridget Fonda, para a Artisan Entertainment. Embora os filmes não fossem exatamente grandes sucessos. “todos meus filmes fazem dinheiro” diz Winick orgulhoso. Ele queria tentar algo que fosse totalmente independente. Sua primeira grande idéia foi “Sam the man”, um filme sobre um escriba com dificuldades para escrever e o nível de testosterona de Denis Rodman. Em novembro de 1999, Winick disse a um amigo advogado, chamado John Sloss, “eu posso fazer um filme com uma câmera mini-DV”. Uma vez que Winick conseguiu os atores Fisher Stevens e Annabello Sciorro para assinar o contrato. O advogado concordou em fornecer o dinheiro para a produção. Era uma divertida e arriscada experiência: Winick filmou 70 horas com duas câmeras de mini-DV, sete pessoas participaram dos 14 dias de trabalho. Bem antes eles descobriram que câmeras digitais filmam vídeo com “bastante ganho” – significando que o sensor da imagem era ultra sensível - então por vezes os rostos dos atores pareciam bem nítidos. Mas a sincronia do som era ruim- as linhas faladas não se encaixavam com as bocas dos atores; era como um filme de Kung Fu, mal dublado. Eles experimentavam e consertavam os problemas no processo de edição, mas no final a comedia trágica nunca obteve distribuição, mesmo parecendo tão boa quanto à maioria dos filmes em 35- MM. Diz o escritor George Plimpton, que também tem um breve papel no filme: “Eu gosto dessas pequenas câmeras digitais. Elas fazem um ator não profissional como eu se sentir confortável. Elas não são grandonas, intimidadoras, pré-históricas – como as câmeras que eles usam nos filmes por aí”
Com ou sem acordos de distribuição, Winick tinha feito um caso interessante para a viabilidade do cinema digital , e Sloss estava intrigado. No final de fevereiro de 2000 Winick e Sloss tiveram outra idéia, fazer 10 filmes por 100 mil dólares cada. imediatamente , um lista compilada e impressionante das grandes estrelas que estavam interessadas seriamente. Sloss, que tem conexão forte o mundo independente de cinema, lança a idéia. “Nós não vamos pra HBO ou outros TVS a cabo maiores”, ele lembra, “ Nós sabemos também que o canal Sundance ou o canal independente de filmes (Independent Film Channel) dariam nos a liberdade criativa que precisamos”.
Em julho, o Independent Film Channel tinha conseguido, pagando 1 milhão por todas as direito de licenças na TV para os dez filmes. Diz o presidente da IFC Entertainment Jonathan Sehring, “ Nos queremos ser os lideres da produção digital de filmes, e InDigEnt é a melhor e mais conhecida destas companhias. O que eles estão fazendo não é improvável que John Cassavetes fez nos primórdios do cinema independente – não só a energia criativa mas o fato que eles estão dividindo os lucros igualmente entre InDigEnt o elenco e a equipe”. Isto intriga as grandes estrelas, explica Sehring, que freqüentemente assina para obter sua porcentagem nos lucros dos mega orçamentos mas, nunca vê a grana devido a “contabilidade criativa” que acontece em Hollywood. Winick explica os fatos. Primeiros, filmes digitais têm melhor resolução: câmeras de Mini-DV produzem 500 linhas de resolução, comparados com 240 linhas da Camcorder 8- MM, e a qualidade da cor é três vezes melhor. Segundo, filmes digitais dão liberdade. Quando o diretor Ethan Hawke perguntou, “por que eu deveria fazer um filme com você quando eu posso fazer um filme em película?” ele gostou da resposta: o orçamento baixo, equipamentos leves e processo de produção rápido, sem falar da filmagem quase que instantânea. Mesmo assim Hawke sabia que teria que parar de atuar em Hollywood temporariamente para poder dirigir o filme, uma vez que ele filmou o filme digital “ Chelsea Walls” estrelado por sua esposa Uma Thurman e Kris Kristofferson, ele já estava seduzido. “Filmagem digital é a melhor coisa que aconteceu na cinematografia desde Marlon Brando”, diz Hawke. “Ela devolve a filmagem ao ator e ao escritor”.
Seu complexo filme é algo parecido com as garotas de Chelsea de Andy Warhol (The Chelsea Girls) para o novo milênio. Cheio de excentricidades, tristezas e artistas teimosos habitando o notório hotel Chelsea de Manhattan. O conteúdo não possui limites, mas Hawke, mais do que qualquer outro diretor da InDigEnt, prova que há súbita e algumas vezes beleza gloriosa nas cenas filmadas direto no digital, especialmente os exteriores do importante hotel. “enquanto você não pretender fazer Lawrence of Arabia digitalmente”, ele explica, “ os dias da filmagem criam uma intimidade que não acontece nos ensaios. É fácil de usar e é liberta-nos.”
É claro, que não são caviar e creme na mesa de refeição. Os orçamentos de 100 mil de Winick tem aumentado para 150 mil cada, e cineastas do filem digital, como outros produtores independentes, ainda tem que encontrar alguém para distribuir os filmes para as casas de exibições para que seja realmente vistos pelos espectadores.Os filmes são filmados em curto espaço de tempo.O drama bem maduro de Sigourney Weaver, Tadpole, era para ser filmado em apenas dez dias , Weave ( com Robert Eller, Bebe Neuwirth e John Ritter no elenco) usou seis destes dias para ensaiar. Ela também pediu um maquiador extra, pois o detalhe do brilho da imagem digital não perdoa os defeitos do ator como acontece em celulóide. Ainda assim, Weaver prefere esse maneira espontânea de fazer cinema- “ Me faz lembrar o espírito do teatro”, diz ela.
No verão deste ano, cinco dos títulos do projeto de dez filmes da InDigEnt nem tinham começado, incluindo Slacker do diretor Richard Linklater também diretor do filme Tape, estrelado por Hawke e Uma Thurman;e a ficção cientifica psico dramático do diretor-ator Campbell Scott, com Dennys Leary e Hope Davis. Em outro ato de maestria da InDigEnt, Lions Gate concordou em distribuir os filmes teatricamente, e o filme de Hawke foi selecionado para o Festival de Cannes. É freqüentemente criticado pelo lançamento em fevereiro de 2002.
Enquanto isso, palavras tem saído da InDigEnt. Dúzias de scripts tem sido submetidas à Winick . que está tendo problemas em analisar todo o material. Diz seu sócio e produtor executivo, Alexis Alexianian: “ Há muito o que fazer, e existe só três ou quatro de nós aqui para administrar a empresa. Nós estamos cheios de serviço”.
O empreendimento de Winick deve crescer espontaneamente em breve. Diz Sehring da IFC: “Eu não estou dizendo que todos estes filmes digitais serão sucessos. Eles não serão. Mas tudo que se precisa é que apenas um filme seja um hit. Isto é tudo que se precisa. Apenas um.” E co-presidente Lions Gate Tom Ortenberg acrescenta, “ Nós vamos lançar Tape em Nova Iorque e Los Angeles. Primeiro em (novembro) e então discutir se distribuímos para algumas centenas de cinemas nos Estados Unidos. Eu não tenho duvida que Tape recebera boas criticas . Nos também decidimos se um ou dois dos outros filmes devem ser lançados apenas em vídeo.” Mas Winick e seus colegas não estão só sentados esperando a grana rolar. “Não é só dinheiro” diz o determinado diretor, sentar numa ilha de edição, acrescentado música a Tadpole . “É como fazer algo novo de uma maneira diferente. Os próximos cinco filmes nós faremos serão ainda melhores do que os cinco primeiros.

Faça você mesmo
Quer fazer “Cidadão Kane” digital? “só por que a filmagem digital deixa o cinema mais fácil não significa que todo mundo possa fazer um grande filme,” diz o co-presidente da Lions Gate. Mas não deixe isso fazer você desistir de tentar. Se você quer uma mãozinha sobre filmagem digital, o fundado da InDigEnt Gary Winick tem alguns conselhos para você , de pré-produção a edição.

1 Maturidade é tudo
Antes de gravar, esteja ultra preparado. Isto significa ter um script bem editado, perfeito, um elenco que ensaiou interminavelmente e um guia para cada cena (storyboard). Não grave muito, sugere Winick, mesmo sendo caro, pense na qualidade, não em quantidade.

2 A câmera pode contar
Não é muito barata, mas Winick escolheu a câmera da Sony PD150 PAL. Ela possui componentes extras, incluindo a função time-code que é essencial na hora da edição. Se 2.800 dólares é muito para o seu bolso, tente a Sony TRV900, que nova custa 1.200 dólares

3. Saiba os limites
Há coisas que não dão certo na filmagem digital. Por exemplo, não planeje filma com a câmera no ombro ou cenas panorâmicas de movimentação de câmera em direção ao ator, à La Spielberg ou Soderbergh. Closes funcionam bem, então pense sobre isso quando estiver preparando o filme. E limite as locações. O drama de Richard Linklater tape foi filmado em um quarto de hotel. Se é bom suficiente para Etha e Uma, deve ser bom pra você também.

4. Branco e preto
Evite filmar em alto contraste. Por exemplo. Se houver luz do sol no cenário e foco no rosto do ator debaixo de uma sombra de arvore, o cenário vai parecer muito brilhante e limpo.

5 Som
Tente obter a melhor qualidade de som que puder para o filme.Enquanto o som digital é tão preciso quanto o som DAT, não use o microfone da câmera. Ao invés disso, compre um microfone sem fio, como as lapelas dos telejornais – eles gravam só a voz do ator, evitando os barulhos do ambiente.

6 Equipamento
Para editar seus filmes. Winick trabalha com um Mac G4 com bastante espaço disponível no HD. Pois quatro minutos de filme vai ocupar um gigabyte da memória. No quesito software, ele aconselha o Apple`s Final CUT Pro 2. Você pode também se dar bem com o G3, mas seja cuidadoso: você pode perder frames preciosos durante a edição

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