A arte visual no decorrer da história humana foi como um meio de comunicação para as massas, sendo uma forma de divulgar idéias e conceitos e uma das mais antigas formas de propagar doutrinas, principalmente religiosas, a igreja percebeu que o uso de pinturas poderia ter uma função didática para ensinar aos fiéis as doutrinas da igreja, pois a população da idade média, como muitas do mundo atualmente eram analfabetas, as pinturas disseminavam idéias sobre religião e política. A erudição era reservada intencionalmente a nobreza e ao clero
As pinturas amiúde ajudavam a contar histórias bíblicas de maneira eficaz e compreensível sem a necessidade dos fiéis saberem ler. Sendo assim a arte foi importante para ajudar a fortalecer o poder da igreja principalmente entre a paupérrima população camponesa que amedrontada com as condenações patibulares feitas pela igreja aos fiéis era obrigada a pagar indulgências.
A imagem também contribui durante a historia (e até hoje contribui) como processo de surgimento de idéias e invenções, muitos avanços científicos têm sido descobertos através da imagem, na verdade a maior parte do conhecimento se adquire visualmente, o pensamento e o sonho ocorrem de forma visual segundo as autoridades cientificas e filosóficas. Foram muitos os gênios e intelectuais que elaboraram idéias e criações através da imagem, Leonardo Da Vinci pode ser considerado o gênio que mais fez uso do desenho, da imagem para exteriorizar suas idéias, seus cadernos de anotação eram levados a todos os lugares que o cientista fosse, fazia isto para não perder se quer uma idéia que pudesse surgir fora de seu local de trabalho. Leonardo Da Vinci costumava dizer que era um “Homo sono lettere” um homem sem letras, ou seja que a base de seus pensamentos era a imagem, o desenho, a pintura. Segundo ele “la pittura è uma poesia muta” a pintura é uma poesia muda, essa frase comprova que o gênio renascentista realmente acreditava na supremacia da imagem e que este era sua forma de elaborar idéias.
Os quadros que Leonardo Da Vinci pintou não passam de dez, no entanto Da vinci deixou centenas de cadernos de anotações que são estudados e admirados até hoje.Outro exemplo de utilização de imagem para exteriorização de idéias pode ser escrito através de Thomas Alva Edison que desenhava tudo que pudesse imaginar com teor cientifico, um de seus desenhos que revolucionou a historia foi a lâmpada. O químico Kekkule teve a idéia do anel de benzeno durante um sonho, quando surgiu-lhe a imagem de uma cobra mordendo sua própria calda, praticamente tudo que nos cerca ou não teve um dia que estar na mente de alguém sendo depois transformado em imagem e por fim transformado em algo tangível.
Três grandes focos de civilizações se destacam na época neolítica, antes do ano 3.000: uma no vale do Nilo, na Mesopotâmia (vales dos Tigres e Eufrates e no mar Egeo. Conforme BAZIN (1965) todas essas civilizações estiveram animadas por uma heróica vontade de manifestar em obras sua concepção de mundo.
Os povos que lá se edificaram parecem ter sido dotados de uma descomunal imaginação plástica; nada existe, nem sequer os conceitos mais abstratos que souberam integrá-lo em uma forma concreta numa figura. Nenhuma civilização porém tem colocado tão alto a crença na identidade da imagem e seu objeto como a civilização egípcia. (BAZIN, 1965, p.22)
3. A arte e o jornalismo
Deve-se aos artistas o crédito de ter inventado o jornalismo. (BARNHURST,1991). Nas culturas antigas arte era o jornalismo, as grandes batalhas e eventos das civilizações passadas eram retratados em pinturas, os grandes feitos do reino ou os heróis que venceram as guerras eram exaltados nos murais, vasos, tapeçarias e esculturas, o mundo atual conhece muito sobre essas sobre essas civilizações através da produção artística desses povos. Muitas civilizações que nem mesmo tinha desenvolvido a escrita podem ser exploradas e conhecidas pelo homem contemporâneo através das imagens outrora produziram. Uma pintura jornalística pode ser vista em uma parede de Pompéia (antiga cidade do império romano destruida durante uma grande erupção do
vulcão Vesúvio em 24 de Agosto do ano 79 d.C..), a pintura retrata um grande motim no anfiteatro, na qual morreram muitas pessoas, tratava-se de uma luta ocorrida no ano de 59 entre cidadãos de Nocera e Pompéia.
Honoré Daumier (
1808-
1879) foi um
caricaturista,
chargista,
pintor e
ilustrador francês que pode ser um descomunal representante do artista comprometido em mostrar desigualdade sociais, A
caricatura Gargântua feita em 1831 onde ridicularizava o rei
Luís Filipe, custou-lhe seis meses de prisão. Mesmo estando em tempos que a imprensa já tentava ser um meio comprometido com interesses do povo Daumier na obra Le Wagon de troisième classe (O vagão da terceira classe) de 1864 critica a condição insalubre do transporte público feito nos trens da época, sua obra comprometida com a escola realista criticava a desigualdade social e remete novamente a arte e o jornalismo de maneira invólucra.
O mesmo tema social representado por Daumier pode ser percebido em uma obra do fotografo estadunidense Alfred Stieglitz (1864 -1946), Segundo Strickland (1999,p.153) Stieglitz fotografou um transatlântico retratando duas formas de nível social na parte superior da foto; a burguesia, com rostos na escuridão e abaixo a terceira classe de famílias de imigrantes pobres, uma luz forte realça a humanidade naquelas pessoas que eram desdenhadas e tratadas como inferiores. A fotografa Dorothea Lange (1895-1965) também pode ser um bom exemplo de quanto a arte se associa com o jornalismo, durante sua trajetória profissional a fotografa expressou em imagens o sofrimento do povo americano durante a queda da bolsa em 1929, celebrizando com a fotografia de 1936 “mãe imigrante” (migrant Mother) .
4. A Semiótica e os desenhos animados
Para Charles Sanders Pierce signo é aquilo que representa alguma coisa para alguém, trata-se de qualquer elemento que seja utilizado para exprimir uma realidade física ou psicológica, cada comunidade desenvolve seus sistemas de signos e códigos, no entanto signos, principalmente de códigos não-verbais são facilmente compreendidos pela sociedade humana, em geral, sem obstáculos culturais e lingüísticos. Existem códigos da língua e códigos não-verbais como o gesto, posturas corporais. A animação ampara-se demasiadamente nos códigos não-verbais e sendo assim a obra cinematográfica do gênero são facilmente aceitas por diversas culturas, pois a criação dos códigos não-verbais é anterior a criação dos signos verbais.
Os símbolos são uma das espécies de signos classificados por Pierce. Os símbolos não representam similaridade com a coisa representada. Símbolos podem ser figuras, objetos, gestos quando remetem a uma idéia ou a uma significação não tem qualquer semelhança com aquilo que simbolizam, um exemplo pode ser as vestes negras indicando luto, na verdade são meras convenções consagradas pelo uso de determinada cultura.
5. A Comunicação de massa e a indústria culturalCom advento da revolução industrial e passagem do século XIX para o XX surgem os meios de comunicação de massa que são diversas formas industrializadas de produzir informação e entretenimento para a sociedade de consumo como o cinema, radio, livro, publicidade, televisão e sua diversidade de programação.
A Escola de Frankfurt (Institut für Sozialforschung) era um grupo de estudiosos que abordavam com uma perspectiva crítica e de maneira acadêmica vários estudos os quais podem se destacar os relativos à industria cultural com foco na manipulação. Para os investigadores desta escola os indivíduos sob ação da Indústria Cultural deixam de agir autonomamente passando a aderir acriticamente aos valores impostos, dominantes e avassaladores difundidos pelo meios. Sendo assim as teorias desta escola apontam a Indústria cultural como uma adesão irreflexiva aos valores.
Uma das limitações dessa teoria é tratar a mentalidade das massas como algo imutável, e tratar os indivíduos como desprovidos de autonomia, consciência e capacidade de julgamento. Segundo ADORNO (1947) a repetição da chamada “música ligeira” deixa de ser um momento especifico de distanciamento do mundo e se tornam algo mecanizado presente a todo instante, uma reação ligada ao automatismo e de consumo irreflexivo, sendo incapaz de produzir estranhamento, O resultado deste processo é o desmoronamento da individualidade, que é substituída pela pseudo-individualidade. Segundo Benjamim essas músicas afastam os ouvintes do processo de criação da “aura”, os intelectuais desta escola acreditam que a arte não deve ser algo mecanizado, plural e duplicável mas algo singular vindo direto do artista ao contemplador. A indústria cultural, com seu “canto sedutor e destrutivo” impede a formação de homens autênticos, atrai para a” morte do espírito” .
A época dos estudos da escola de Frankfurt coincide com a popularização do filme sonoro e a substituição gradativa da música clássica pela “música ligeira”
Na novela experimental do alemão Herman Hesse “ O lobo da Estepe (Der Steppen Wolf), o protagonista da trama Harry Haller direciona o leitor a uma indagação psíquica e filosófica da desagregação do homem. Num trecho da obra aborda-se também a questão da popularização da arte e em conseqüência disso a precarização da mesma. Herman Hesse mostra uma preocupação com a transmutação da arte em produto, em um trecho do livro o lobo da estepe, um intelectual que vive crises psicológicas por indagar o mundo constantemente como um asceta, encontra-se com o músico Mozart e pergunta –o sobre a suposta vulgarização da música, o livro foi escrito em época de transformações nos padrões culturais, surgira a pouco tempo o radio, aparelho que revolucionou o que se conhecia por cultura de massa, era a democracia cultural, mas segundo Hesse a qualidade da obra artística se torna inferior, com o radio a arte poderia ser levada a qualquer individuo, a qualquer classe social, apesar de não ser tão popular de inicio, com o tempo viria se popularizar. No entanto Harry Haller descreve o meio de comunicação como um “diabólico funil de metal” a personagem como já foi dito encontra Mozart e com ele debate de maneira filosófica e burguesa a vulgarização da arte através do surgimento de meios de comunicação de grande alcance, como o radio, como se pode notar num trecho do livro quando Harry Haller ao se encontrar com Mozart e uma espécie de viagem metafísica, vê o compositor alemão com aparelho de rádio nas mãos e relata:
[...] imediatamente para meu indescritível assombro e horror, o diabólico funil de metal começou a vomitar aquela mistura de viscosidades bronquias e goma de mascar que os proprietários de fonógrafos e amantes do radio concordam em chamar de musica, e no fundo daquela turva reunião de mucilagem e escorias podia-se perceber, como por baixo de uma grossa camada de graxa, uma antiga e aoreciada imagem, a nobre estrutura dessa musica divina, o amplo e profundo sopro, a funda e larga ressonância das cordas [...](HESSE, 1955 ,p. 192)
Sendo assim Harry Haller põe ênfase na precarização da arte com o surgimento da comunicação em massa, pois percebeu que no fundo da música que tocava no débil rádio havia a antes considerada e verdadeira prima arte, a musica divina, talvez uma alusão a opera e concertos de grandes maestros na qual se deleitava a burguesa da época. Mozart por sua vez responde a Harry Haller sobre a pretensão de deixar a diabólica aparelho a triunfo da época, a ultima arma vitoriosa na luta de destruição contra arte. Mozart ri e acalma Harry Haller:
Ouça de novo, ó infeliz, ouça sem sentimentalismos nem zombarias, e deixe passar por trás do véu deste ridículo e imbecilizante aparelho, a forma distante dessa música divina! Preste atenção que aprenderá algo. Observe o que este alto-falante idiota o mais estúpido e inútil objeto que o mundo contem consegue fazer: apodera-se de certa musica tocada em qualquer parte, sem qualquer seleção ou refinamento e alem disso lamentavelmente desfigurado, e carrega-a para um espaço que não lhe pertence e contudo nada pode destruir o espírito original desta musica, mas apenas manifestar nela a própria técnica e a febre de atividade isenta de qualquer espírito. (HESSE, 1955,p. 192)
6. Desenho animado: Uma forma de arte nasce
A partir do século XIX começa a criação de equipamentos ópticos que buscavam produzir no observador a sensação visual de movimento. Surge então o Zootrópio de W. A. Horner, o fenacistoscópio de Joseph Plateau e o praxinoscópio de Émile Reynaud.
O desenho animado é um processo cinematográfico na qual filma quadro-a-quadro imagens em uma seqüência progressivamente diferente, permitindo no intervalo entre cada figura a ilusão de que o objeto filmado se movimentou devido a persistência da visão. A história do desenho de animação, como processo cinematográfico, provavelmente começa com o francês Charles-Émile Reynaud, que pela primeira vez na história em 28 outubro de 1892 no
Musée Grévin em
Paris exibiu imagens em movimento numa tela, utilizando o Théâtre Optique um aparelho similar ao projetor moderno, foi a primeira apresentação de figuras em movimento para uma platéia, o filme era
Pauvre Pierrot, deve-se ainda destacar o filme
Autour d'une Cabine. Reynaud inventou ainda o praxinoscópio, um brinquedo óptico que possuia uma listra de figuras colocadas em volta da superfície interna de um cilindro giratório.
A apresentação do cinematográfico dos irmãos Louis e Auguste Lumière aconteceria três anos depois da apresentação de Reynaud com o Théâtre Optique, pode-se assim dizer com base teórica que o desenho animado precede qualquer outra forma de produção cinematográfica e que este é que este possui o procedimento técnico para qualquer forma de cinema, sendo Reynaud um percursor do cinema.
Com o advento da fotografia abriu-se um descomunal campo de possibilidades para o surgimento do cinema. O fotografo inglês Eadweard J. Muybridge (
1830-
1904) foi um dos primeiros a perceber isto, foi um dos primeiros a tornar empirica a teoria da persistência de visão, num projeto artístico e ao mesmo tempo cientifico. A partir de ... Muybridge fotografou modelos nus e semi-nus em poses seqüenciais de movimento, analisando como funcionava o movimento no seres vivos, ele estudou o processo a partir de uma imagem estática na construção do movimento; animais de vária espécies e humanos foram fotografados quadro-a-quadro caminhadas, lutas e ações diversas, rotineiras do dia-a-dia. Os estudos de Muybridge são até por animadores, cineastas e artistas, muito antes do advento do cinema, Muybridge mostrou o principio técnico da obtenção do movimento que ate hoje é utilizado.
6.1 J. Stuart Blackton
James Stuart Blackton é considerado o pai da animação norte americana, era um vaudeville performer e em suas apresentações costumava desenhar, logo ficou conhecido como “The Komikal Kartoonist”. Blackton também era repórter para o jornal
New York Evening World e em 1896 ele conhece Thomas Edson logo fica interessado em colocar seus desenhos em filmes, cria em parceria com um amigo um dos primeiros estúdios de animação no mundo o Vitagraph company. Surge então o filme “The Enchanted Drawing” (1900) no qual o próprio Blackton aparece desenhando seus personagens em um quadro-negro, a técnica era chamada de lightning sketches que compreende numa variação da técnica de stop-motion, quando a câmera desligada, uma pequena mudança é feita em seguida a câmera e ligada de novo, este método foi utilizado muito antes por Mélies e outros animadores.
Outro obra significante de Balckton foi o filme
Humorous Phases of Funny Faces (1906) que também utilizava stop-motion e marionetes para produzir uma serie de efeitos
6.2 Émile Cohl
O caricaturista Francês Émile Cohl (1857-1938), se destaca na história da animação por revolucionar princípios e técnicas, além de utilizar o desenho através de sua característica única, os personagens das animações de Cohl transmutavam-se e faziam coisas que eram impossiveis a qualquer forma realmente viva, talvez esteja ai o sucesso para a animação, fazer coisas parecem reais mas ao mesmo tempo impossíveis de acontecerem na vida real. No filme Fantasmagorie (1908), Os princípios de tranqüilidade e racionalidade humanas são constantemente perturbados, o impossível se realiza e quase se cria uma lógica do absurdo. A obra de Cohl é composta por mais de cem filmes no qual ele constrói a estrutura estética e os padrões do desenho animado utilizados até hoje.
Dentre outros nomes de percusores e pioneiros na historia da animação deve-se destacar ainda George Mélies, Charles Migé, Lotte Reiniger e o espanhol secundo de Chomon , Tex Avery e no Brasil Anélio Latini Filho Pintor, desenhista e cineasta carioca de Nova Friburgo produz em 1953 “Sinfônia Amazônica” o primeiro longa-metragem de animação brasileiro.
O filme Bambi (1942) pode ser um exemplo disto, Bambi é um filme baseado no romance do austriaco Felix Salten, roteiristas de Hollywood vinham tentando a tempos adaptar a obra literaria para o cinema, mas logo perceberam que o filme não funcionaria como filme live-motion era quase impossível para época, então Walt Disney entendeu que um filme como este só poderia ser feito através da animação, assim como muitas produções japonesas que poderiam ser filmes com pessoas de verdade (live-motion) mas acabam se tornando mangas devido a supremacia nipônica na área dos desenhos animados.
6.3 Winsor McCay
Um marco importante para história da animação foi a apresentação Gertie, a dinossaura feita em 1914 um curta de animação feito pelo cartunista Winsor McCay. Muitos acerditam que Gertie tenha sido a primeira personagem de desenho animado a ter personalidade. Antes de Gertie, a dinossaura, McCay produziu alguns filmes como
Little Nemo in Slumberland e
How a Mosquito OperatesA indústria da animação começa nas década de 1920 e 1930, com os irmãos Fleischer, criadores de Popeye, palhaço Koko e Betty Boop. Walt Disney e seu auxiliar Ub Iwerks com Mickey Mouse e Silly Simphonies e Walter Lantz com Oswald the Lucky rabitt e posteriormente Pica-Pau, além de Paul Terry criador dos terrytoons.
6.4 Max Fleischer
Max Fleischer (1883-1972) foi responsável por muitas inovações tecnológicas no setor, como o Rotoscope. A série de desenhos animados chamada Out of the Inkwell feita para os Studios Bray foi um marco importante na historia do cinema de animação. No filme o palhaço Koko sai do tinteiro do cartunista e faz travessuras na tela.
Até o final da década de 1930 os desenhos animados estadunidenses não ultrapassavam à quinze minutos de duração, era uma trabalho exaustivo produzir animação, de fato até hoje continua sendo. Havia a constante preocupação sobre a rentabilidade do produto em um mercado cinematográfico escasso e pouco confiável.
6.5 Walt Disney
Walter Elias Disney nasceu em Marceline, uma pequena cidade no estado do Missouri, Estados Unidos em 5 de dezembro de 1901, de família pobre do campo Disney trabalhava na fazenda e vendia jornais e refrigerantes em trens, também serviu como voluntário da Cruz vermelha Internacional na França.
A carreira como artista e cineasta começa quando Disney encontra Ub Iwerks, verdadeiro mentor e desenhista por trás de Mickey Mouse, juntos os dois jovens fundaram uma pequena empresa Laugh-O-Grams, segundo (SANTOS, 2002,pg. 85) Disney e Iwerks foram influenciados por Max Fleischer que misturou personagens animados e cenários reais na série Out of the inkwell os amigos produziram uma série de animações chamada “Alice” com a atriz Virgina Davis, a personagem era baseada na historia de Lewis Carrol The adventures of Alice in wonderland. Disney era considerado um desenhista ruim, ele próprio assume isso em uma entrevista à jornalista Oriana Fallaci em 1966: “Eu não gosto muito de desenhar, e quando pare de foi um alívio, na verdade, nem sou muito bom desenhista. Os que aprenderam comigo são bem melhores do que eu” (FALLACI,1966,p. 95).
Em 1923 Disney muda-se para Los Angeles, e produz alguns filmes com um personagem chamado Oswald the Lucky rabbit, em 1928 Charles Mintz encerra o contrato com Disney que perde os direitos autorais do personagem. Mas com ajuda de Ub Iwerks Disney cria seu próprio personagem, que alguns anos depois seria chamado de Mickey Mouse.
Empolgado com a exibição do primeiro filme sonoro da historia “The Jazz singer” Disney tem a idéia pioneira de sincronizar som com imagens animadas, em 1928 lança o filme Steamboat Willie, um marco na historia do cinema de animação norte-americano.
Em 1931 produz a primeira animação em cores As Flores e as Arvores Flowers and Trees o que rende um Oscar a Disney. Em 1933 “os três porquinhos”filme no qual o lobo aparece disfarçado de ovelha e de um mascate explicitamente vestido como um judeu, o filme rendeu algumas críticas a respeito do possível anti-semitismo de Walt Disney
Em 1938 uma revolução acontecia na história dos desenhos animados, Walt Disney lançava o primeiro longa-metragem de animação “Branca de neve e os sete anões” a idéia de se criar um longa de desenho animado era considerada um absurdo pois se acreditava que era impossível manter uma platéia assistindo um desenho animado por muito tempo, as animações até aquela época não ultrapassavam oito minutos.
7. Disney e a guerra
Os desenhos animados e as estórias infantis (contos de fadas etc.) parecem ter sido feitas para crianças. No entanto sabe-se que a estória de chapeuzinho vermelho era na verdade uma narrativa alegórica contada pelos os mais velhos para prevenir as moças virgens sobre questões sexuais, o “lobo mal” seria na verdade o homem que quer fazer relações carnais com a moça, sendo assim as estórias infantis tinham a função de alertar sobre questões sexuais, lembrando que esse tipo de assunto é ainda um tabu para sociedade contemporânea.
Os desenhos animados também não estão em diferente aspecto, esse tipo de produção muitas vezes foi direcionado ao público adulto, no decorrer da década de 1940, com a ascenção do nazismo na Europa a Walt Disney lançou mais de 30 curtas e um longa que foram utilizados para incentivar o alistamento voluntário além de elevar a moral das tropas. A influência dos desenhos na guerra tão significativa que segundo (SANTOS, 2002,p.), “Mickey Mouse” foi o código secreto usado pelos aliados no desembarque na Normandia, em 6 de junho de 1944, o autor aponta ainda que os personagens Disney foram inclusive pintados em veículos bélicos. No filme anti-nazista “Der Fuehrer’s face” de 1943 Pato Donald aparece usando um uniforme com a suástica no braço esquerdo. Trata-se uma critica bem humorada ao nazismo.
Em junho de 1941 Walt Disney veio ao Brasil como agente da OCIAA,a missão do diretor era aproximar a América Latina à causa da base aliada na segunda guerra mundial, para isso o governo Roosevelt cedeu a Disney mais de 100 mil dólares para que produzisse filmes de propaganda política.
No entanto Disney não gostou da intervenção militar em seu estúdio, no entanto hoje as orelhas de Mickey simbolizam a supremacia e a influência norte-americana no mundo globalizado.
8.Conclusão
Os Estados Unidos não são o único país a produzir animação, no entanto, seus desenhos parecem imperar no segmento pelo mundo afora. Os desenhos animados apesar de serem considerados infantis, já foram utilizados no decorrer da história como propósitos educacionais a soldados em treinamento para guerra. Além disso, o cinema de animação prolifera idéias e ideais para diversas culturas pelo mundo.
No caso do desenho animado com foco no segmento infantil, as crianças aprendem desde cedo quase que indiretamente a supremacia e o ideal de vida americano, pois é comum, ver em filme bandeiras dos EUA, além de exaltação do American Way of Life, levando a cultura norte-americana a diferentes países. A animação deve ser considerada uma arma poderosíssima quando se trata de proliferação de idéias (como já foi abordado), tomemos, por exemplo, a experiência brasileira, por que nós brasileiros sabemos sobre hábitos tão específicos da cultura norte-americana?, Por exemplo: sabemos que muitos norte-americanos comem ovos fritos, pasta de amendoim e cereal no café da manhã, de fato deve ter sido poucos brasileiros que leram sobre isso em livros, conhecemos os hábitos de vida dos estrangeiros pela sua produção cinematográfica. No entanto sabe-se que a absorção de produções cinematográficas brasileira nos Estados Unidos é relativamente baixa, assim como acontece aqui raramente um filme chinês ou russo, enfim de qualquer outra nacionalidade será exibido em TV aberta no Brasil, isso se dá devido à quantidade de filmes produzidos nos Estados Unidos, no entanto isso não pode ser usado como explicação, pois a Índia, também produz filmes em larga escala, Bollywood está a todo vapor com suas produções, no entanto a popularização dos filmes brasileiros no Brasil não acontece, para se assistir filmes asiáticos interessado devem esperar algum festival de cinema “alternativo” ou cinema cult. Ao invés de produções de diferentes países a TV brasileira exibe filmes americanos, mesmo alguns sendo lixo cinematográfico. As próprias produções brasileiras têm dificuldade de serem exibidas na TV do Brasil, recentemente um projeto de lei sancionou a obrigatoriedade de exibição animações brasileiras em TV aberta no Brasil, trata-se de um projeto que visa não diminuir o poder das animações estrangeiras no país, mas incentivar e valorizar as animações brasileiras.
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[1] Trabalho de conclusão de curso, habilitação em jornalismo para obtenção de grau de bacharel.
[2] Bacharelando em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo,2008/2 da Faculdade de Ciências Humanas,Letras e Exatas de Rondônia-FARO.
[3] Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda.